Ao iniciarmos esse novo mês, queremos fazê-lo à luz dos ensinamentos de Santo Afonso e para que o vivamos bem, nosso fundador nos propõe a Virtude da Obediência.
Em uma sociedade que enfrenta cada vez mais uma crise de autoridade, falar de obediência é algo desafiador. Porém, eu acredito que quando apresentamos o verdadeiro sentido de algo, se torna mais fácil compreendê-lo e até mesmo aceitá-lo.
A obediência é um dos fundamentos da vida social. É impossível viver em sociedade e não ser orientado por leis e regras. A obediência proporciona as pessoas o autocontrole e a capacidade do autoconhecimento. Quando nos deixamos guiar por nossos instintos, nós nos tornamos naturalmente indolentes, dados a ceder a qualquer coisa.
Quando, por ideologia, somos tentados a acreditar que a obediência tira nossa “liberdade”, nós nos corrompemos, e assim passamos a viver a libertinagem, uma falsa compreensão do ser realmente livre.
O homem livre não é aquele que faz o que quer quando bem quer; essa é uma ilusória compreensão de liberdade. O homem realmente livre é aquele que sabe respeitar os limites. Deus nos criou livres! A liberdade está na origem do homem.
Quando eu compreendo as regras como algo que me priva de alguma coisa, eu não compreendi o verdadeiro sentido!
As regras são formas de agir em determinados espaços, tenho sempre que me lembrar que o mundo não é composto só por mim, existe o nós. Se cada um fizer a sua parte, fica mais fácil conviver.
Nós somente somos livres no amor, somos obedientes na caridade. Para que haja a verdadeira compreensão do que é a obediência e, mais do que isso, praticá-la, é necessário resiliência.
A resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças ou superar obstáculos. O indivíduo resiliente é livre, criativo e capaz de se reinventar frente aos problemas.
A alma obediente acolhe aquilo que Deus lhe propõe. E sobre isso fala o apóstolo Paulo: “Obedecei com simplicidade de coração”. Quando se ama a Deus com perfeição, obedecer, se torna uma prova de amor. Quanto mais amamos, mais deixamo-nos envolver pelo outro. Isso não é diferente em nossas relações com Deus. Se amamos realmente a Deus, sentimo-nos impelidos a cumprir a Sua vontade.
Se queremos um exemplo de obediência na liberdade, basta olharmos para Cruz! Ali está um homem/Deus, que na Sua liberdade, foi obediente. São Paulo aos Filipenses escreve: “Humilhou-se a si mesmo tornando-se obediente, obediente até a morte e morte de cruz”.
O fruto da obediência de Cristo é nossa redenção. Se Cristo tivesse pensado só em Si, se questionasse Sua liberdade ou tivesse sido desobediente… O que seria de nós? Por Sua obediência Ele nos fez livres, livres no amor!
A obediência é muito mais do que simplesmente uma regra moral, ela é um princípio de vida. Para viver em comunidade, em sociedade e em paz consigo mesmo é preciso obediência.
Santo Afonso nos exorta quanto a isso:
“Há pessoas tão agarradas à sua própria vontade que, quando lhes é ordenado alguma coisa, ainda que seja do seu gosto, pelo fato de a terem de fazer por obediência perdem a vontade de fazê-la”.
A virtude da Obediência está intimamente unida a conformidade com a vontade de Deus.
Por isso, adverte-nos Santo Afonso:
“Aquele que trabalha segundo a sua própria vontade, e não conforme a vontade de Deus, comete uma espécie de idolatria, porque em lugar de adorar à vontade di¬vina, adora de alguma maneira a sua própria”.
Que a obediência nos oriente em nossa caminhada.
Fonte:A12.com