11/07 Jesus envia seus discípulos em missão
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No tempo de Jesus havia vários outros movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus e outros. Muitos deles também formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35; Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Jesus também manda discípulos em missão.

  1. A missão dos 72 discípulos: viver e irradiar a vida em comunidade (Lc 10,1-9).

Jesus nunca trabalhou sozinho. A primeira coisa que ele fez quando iniciou sua missão foi chamar discípulos. Primeiro chamou quatro: Simão e André (Mc 1,16-18) e Tiago e João (Mc 1,19-20). Em seguida, chamou doze (Mc 3,13-19). No fim, chamou setenta e dois discípulos que somos todos nós (Lc 10,1-12).

A missão dos 72 tem como objetivo resgatar os valores comunitários da sabedoria popular que estavam sendo abafados pelo cativeiro da lei pela ideologia do império romano. Jesus procura renovar as comunidades para que sejam novamente uma expressão da Aliança, uma amostra do Reino de Deus. Por isso, ele insiste na hospitalidade, na partilha, na comunhão de mesa, na acolhida aos excluídos. Vejamos:

  1. Missão (Lc 10,1-3): Jesus envia os discípulos para os lugares aonde ele próprio deve ir. O discípulo é porta-voz de Jesus. Não é dono da Boa Nova. Ele os envia dois a dois. Isto favorece a ajuda mútua, pois a missão não é individual, mas sim comunitária. Duas pessoas representam melhor a
  2. Corresponsabilidade (Lc 10,2-3): A primeira tarefa é rezar para que Deus envie operários. Todo discípulo deve sentir-se responsável pela missão. Por isso deve rezar ao Pai pela continuidade da missão. Jesus envia seus discípulos como cordeiros no meio de lobos. A educação que Jesus pede é tarefa difícil e perigosa. Pois o sistema em que eles viviam e ainda vivemos era e continua sendo contrária à reorganização do povo em comunidades
  3. Hospitalidade (Lc 10,4-6): Ao contrário dos outros missionários, os discípulos de Jesus não podem levar nada, nem bolsa, nem sandálias. Mas devem levar a paz. Isto significa que devem confiar na hospitalidade do Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz, mostra que confia no povo. Acredita que vai ser recebido, e o povo se sente respeitado e confirmado. Por meio desta prática o discípulo critica as leis de exclusão e resgata os antigos valores da convivência comunitária. Não saudar ninguém pelo caminho significa que não se deve perder tempo com coisas que não pertencem à missão.
  4. Partilha (Lc 10,7): Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas sim permanecer na mesma casa. Isto é, devem conviver de maneira estável, participar da vida e do trabalho do povo e viver do que recebem em troca, pois o operário merece o seu salário. Isto significa que devem confiar na partilha. Por meio desta nova prática, eles resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência.
  5. Comunhão de mesa (Lc 10,8): Os discípulos devem comer o que o povo lhes oferece. Não podem viver separados, comendo sua própria comida, como faziam alguns missionários dos Isto significa que eles devem aceitar a comunhão de mesa. No contato com o povo, não podem ter medo de perder a pureza legal. Agindo assim, criticam as leis da pureza que estavam em vigor e anunciam um novo acesso à pureza, isto é, à intimidade amiga com Deus.
  6. Acolhida aos excluídos (Lc 10,9a): Os discípulos devem tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Mt 10,8). Isto significa que devem acolher para dentro da comunidade os que dela foram excluídos. Esta prática solidária critica a sociedade excludente e aponta saídas
  7. Anúncio da chegada do Reino (Lc 10,9b): Caso todas estas exigências forem preenchidas, os discípulos podem e devem gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! O Reino não é em primeiro lugar uma doutrina, uma moral, nem um O Reino é uma nova maneira de conviver como irmãos e irmãs a partir da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai, Abba, Papai de todos nós.
  8. Sacudir o pó dos sapatos (Lc 10,10-12):Como entender esta ameaça tão severa? É que Jesus não veio trazer uma coisa totalmente nova. Ele veio resgatar os valores comunitários do passado: a hospitalidade, a partilha, a comunhão de mesa, a acolhida aos excluídos. Isto explica a severidade contra os que recusam a mensagem. Pois eles não recusam algo novo, mas sim renegam seu próprio passado, sua própria cultura e sabedoria! A pedagogia de Jesus tem por objetivo desenterrar a memória, resgatar a sabedoria do povo, reconstruir a comunidade, renovar a Aliança, refazer a vida.

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