A Igreja local está mobilizada para ajudar os mais vulneráveis durante a pandemia e, em Porto Velho, recebe apoio da Caritas, do Ministério Público, do Poder Judiciário, da iniciativa privada e até do Pontífice: “somos gratos a uma ajuda que o Santo Padre enviou, um sinal de proximidade e atenção à essa realidade dos pobres da Amazônia, sejam quilombolas, indígenas, ribeirinhos e das periferias da cidade”, afirma o arcebispo local, dom Roque Paloschi, também presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
A pandemia tem alterado o modo de atuação solidária em todo o mundo, na maioria das vezes, direcionando o trabalho àqueles que mais foram afetados pela crise sanitária e econômica. Em Rondônia, a Igreja de Porto Velho tem atuado em várias frentes para ajudar os mais vulneráveis, sejam eles moradores de rua ou deslocados internacionalmente.
Dom Roque Paloschi, arcebispo local e também presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), descreve as ações que estão sendo realizadas em parceria com a sociedade civil e autoridades locais. O projeto “É tempo de amar e servir” tem recebido cerca de 200 pessoas na Paróquia Sagrada Família, nas proximidades da rodoviária municipal. Os moradores em condições de rua, entre homens e mulheres, ganham almoço e ainda conseguem tomar banho e lavar as roupas. Já a paróquia São Luiz Gonzaga tem feito um “sopão” todas as noites para dar de comer a 300 pessoas.
“Depois nós temos um abrigo para migrantes venezuelano, colombianos, haitianos e outros, na comunidade chamada Nossa Senhora Aparecida: são famílias com crianças que estão abrigadas ali. Mais 7 casas, em parceria com a Caritas, onde 70 pessoas são abrigadas. Temos também a iniciativa de um banco de dados com as famílias indígenas em contexto urbano – que são muitas aqui em Porto Velho, para entregar cesta básica e kit higiene. Já estamos na segunda rodada.”
Trabalho conjunto com a Igreja
A partir desta semana, comunidades indígenas da região da diocese de Porto Velho irão receber 350 cestas básicas na tentativa de evitar que se desloquem até a cidade. Dom Roque destaca o trabalho conjunto realizado em todos os municípios que compreendem a arquidiocese, junto com o apoio da Caritas, do Ministério Público, do Poder Judiciário e da iniciativa privada.
O apoio concreto do Papa Francisco
O desafio agora, explica o arcebispo, é no apoio às comunidades ribeirinhas que, já para a metade de junho, vão poder se beneficiar de um projeto prático de ajuda neste contexto da pandemia. Uma iniciativa que também ganhou apoio do Papa Francisco:
“Somos gratos a uma ajuda que o Santo Padre enviou através da Nunciatura Apostólica, um sinal de proximidade e de atenção à essa realidade dos pobres da Amazônia, sejam os quilombolas, os indígenas, os ribeirinhos e as periferias da cidade.”
As próprias escolas católicas e a vida consagrada têm se empenhado nesse trabalho de “solicitude, compaixão e ajuda”, acrescenta o arcebispo. Todos estão novamente fazendo coro com a abertura do Sínodo Amazônico, quando foi cantado que “o Senhor vai acendendo luzes quando nós precisamos delas”, afirma Dom Roque, ao acrescentar: “Deus tem feito iluminar a luz da esperança, da solidariedade e da superação” por aqui:
“Tem lugares que estão fazendo hortas, plantando couve, plantando legumes que crescem mais rápido. As religiosas também colaborando neste projeto do almoço do povo de rua. Um grande número de padres aceitou o convite feito pela arquidiocese de reduzir a ajuda que se recebe para destinar, pelo menos 50% do valor, para o trabalho e a solicitude para com os pobres. Funcionários de empresas e das próprias paróquias da diocese também doando livremente parte do salário. Então, há um espírito de comunhão e sobretudo de corresponsabilidade diante da fome e ao desafio de hoje, tecendo o futuro com uma vida mais austera, de solidariedade e de corresponsabilidade com a Casa Comum, mas também com a esperança dos pobres.”
“A Igreja, também com o apelo do Papa, não está indiferente nesta hora de sofrimento e de incerteza. Mas a esperança caminha na nossa frente.”