13/06 REFLEXÃO DO 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
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REFLEXÃO DO 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
Liturgia da Palavra
1ª Leitura: Ex 19,2-6a
Salmo Responsorial: Sl 99
2ª Leitura: Rm 5,6-11
Evangelho: Mt 9,36–10,8

Caros irmãos e irmãs em Cristo!

Após percorrer este tempo riquíssimo do Tempo Pascal e outras Solenidades sublimes como Pentecostes, a Santíssima Trindade, Corpus Christi, que acentuam dimensões fortes do Mistério Divino, retornamos ao Tempo Comum, ou como podemos também chamar: “Tempo Ordinário da Vida da Igreja”.

O Tempo Comum é indispensável na vida da Igreja, pois, por mais que os “tempos fortes” acentuam dimensões essenciais do mistério da salvação, é necessário que o quotidiano da nossa vida e de nossas comunidades, seja celebrado a “partir de todo o mistério de Cristo e da obra da sua salvação”. É um tempo em que a Igreja proclama através do Evangelho os ensinamentos e as obras de Cristo no seu quotidiano durante sua vida terrena; e na relação com o ao Antigo Testamento, faz-nos perceber que a história da salvação se dá no grande arco da história da humanidade. Sem perder de vista o centro de toda a história da salvação que acabamos de celebrar: a Páscoa de Cristo, plenitude da revelação de Deus e de onde brota a força que ilumina toda nossa caminhada como Igreja.

A Primeira Leitura nos coloca no início do “coração do Antigo Testamento”, ou seja, a Aliança do Sinai (Ex 19–24). É aqui que propriamente Israel nasce como “povo consagrado” a Deus. A Aliança é dom de Deus. No itinerário destes capítulos o Senhor se dá a conhecer e ao mesmo tempo sela um compromisso mútuo com o povo.

Na marcha dos quarenta anos pelo deserto, o “Sinai” foi o lugar mais importante da caminhada. No livro dos Números, diz que “acamparam” ali dois anos, dois meses e vinte dias (cf. Nm 10,11). Esta longa permanência indica a importância deste tempo para Israel.

No mesmo dia em que chegam, Moisés sobre à presença de Deus na Montanha Sagrada, e Deus lhe fala. Depois Moisés desce da Montanha e comunica as Palavras de Deus ao povo. O “subir” e “descer” de Moisés tem um sentido espiritual: o início de uma relação de amor entre Deus e o povo, mediado pelo profeta escolhido. É o diálogo de Deus com o ser humano e com o povo eleito; Seu desejo é de comunicar, não somente leis e decretos, mas a si mesmo. Se observamos um pormenor no texto, ou seja, os pronomes eu vós que se repetem frequentemente, indicam quão estreita e próxima começa a se estabelecer esta relação de Deus com seu povo.

É muito interessante ler com atenção os vv. 4-6 desta Primeira Leitura de hoje: cada versículo contempla um tempo: o passado, o presente e o futuro. No v. 4, o passado: os grandes feitos divinos dos quais foram testemunhas o povo – “Vistes o que fiz aos egípcios…”, que indica seu poder libertador. E não menos a sua assistência amorosa: “…e vos trouxe até mim”.

v. 5 indica o presente: o convite de Deus para escutar cumprir sua Aliança – “Agora, pois, se obedecerdes à minha voz e guardardes minha aliança…”. Deus considera o ser humano como um TU, do qual ele quer relacionar-se de forma pessoal e livre. O v. 6 indica o futuro: “E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. Um reino de sacerdotes, quer dizer, que este povo não será uma elite, mas ministros da presença divina. Além desta função sacerdotal, terão também uma função profética: ser nação santa significa que Israel constituirá um espaço sagrado, consagrado ao único Deus; seu comportamento exigirá revisão e renovação contínuas, para estarem à altura da eleição divina.

O Evangelho de Mt 9,36–10,8 é o início do “Discurso Missionário” de Jesus. Todo o capítulo 10, a grosso modo, trata da missão dos apóstolos, que continuam a missão de Jesus de curar e proclamar o Reino.

Se damos um pequeno passo atrás, ou seja, lendo o v. 35 temos sinteticamente em três verbos a missão de Jesus: “ensinar, proclamar e curar”. Sobre estes três “modelos de ação” que os discípulos deverão exercer sua missão. Depois em 9,36, quando inicia a leitura do Evangelho deste domingo, Jesus “se enche de compaixão do povo, porque estão como ovelhas sem pastor”! Jesus se revela como a “misericórdia do Pai”! O que nos chama a atenção é que ‘ensinar, proclamar e curar’ não são num primeiro momento uma reflexão teológica, mas uma ação dos discípulos que se inspira na misericórdia de Jesus. A misericórdia de Jesus refletida nos  discípulos, e nossa hoje, deve terminar com o ‘tempo do abandono’ e o começo de um novo tempo, onde o ‘pastor zeloso’ de ‘coração misericordioso’, cuida das ovelhas, ou seja, do povo de Deus.

A messe é grande, diz Jesus no Evangelho de hoje (v. 37). Algo de importante os discípulos e nós não devemos nos enganar: podemos ajudar no despertar das vocações para o Reino, mas quem escolhe é Deus: “pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe”!

Neste sentido, logo em seguida, em 10,1-5, Jesus escolhe os Doze, ‘a nova comunidade da aliança’, para que sejam seus cooperadores na missão. E podemos entender que ‘o poder de Jesus’ é comunicado aos Apóstolos, discípulos e a todos aqueles que hoje na história são escolhidos como operários da messe para: “ensinar, proclamar e curar”! (cf. também o v. 8). Os apóstolos são os colaboradores de Jesus, continuam a sua obra, não apenas mensageiros de “belas palavras de autoajuda”! Por isso, são designados apóstolossignifica que o enviado representa fisicamente diante do destinatário aquele que o enviou! Neste caminho, os apóstolos e nós, colaboradores da missão de Jesus, atualizamos o Reino concretamente iniciado por Ele.

A segunda leitura é tirada da Carta de São Paulo aos Romanos 5,6-11, que exalta o amor desinteressado de Jesus por nós! O que somos interiormente muitas vezes? escravos de nossos pecados! E mesmo assim, Cristo morreu por nós! Sua morte revela o amor incondicional de Deus por cada pessoa: um amor doado até o extremo, não por nossa boa conduta, pelo contrário. Não podemos nos orgulhar, no fundo, de nossos atos de piedade e caridade. Nosso orgulho reside em Deus, no seu amor que nos dá gratuitamente vida em abundância.

Já concluindo, estamos no mês do Sagrado Coração de Jesus, e podemos proclamar: Eis o Coração que tanto ama os homens!

Lembra-nos São Paulo no capítulo 13 da Primeira Coríntios: “mesmo que eu fale a língua dos anjos, o dom da profecia, tenha a fé mais plena, se me falta amor, nada sou”!

Neste tempo em que estamos vivendo de tantas incertezas, continuemos a meditar com Paulo, Apóstolo: “o amor é paciente, o amor é serviçal […] não procura o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Ele tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (cf. 1Cor 13s). Muitas pessoas na dor, sofrimento, morte, desespero e tantas outras mazelas, encontram sempre na Palavra de Deus que transpira Amor, o seu conforto e esperança!

“Eu sei em quem coloquei minha confiança”! (2Tm 2,12).

“Seu amor é fiel eternamente” (Sl 99,5)

Abençoado Dia do Senhor!

Pe. Claudio Roberto Buss,scj

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