Foram lançadas no Brasil na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 3 de outubro, as versões legendada e dublada em português do filme “A Carta”, documentário que tem como referência a Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco. Participaram da cerimônia representantes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), adolescentes de escolas católicas do Distrito Federal e do Centro de Convivência e Fortalecimento dos Vínculos “Correndo Atrás de um Sonho”, que é mantido pela CNBB na região Incra 8, em Brazlândia (DF), colaboradores e assessores da entidade.
O coordenador para Iberoamérica do Movimento Laudato Si’, Igor Bastos, o cacique Dadá Borari, do povo indígena Maró, no Estado do Pará, um dos personagens que aparecem no filme em diálogo com o Santo Padre, a assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, irmã Maria Irene Lopes dos Santos, e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, fizeram o uso da palavra durante a cerimônia.
Os jovens do projeto “Correndo Atrás de um Sonho” plantaram uma muda de cagaita, árvore frutífera, nativa do bioma Cerrado. Os participantes também receberam um envelope com a arte do filme, o QR code e um trecho da encíclica e sementes de ipês (amarelo, rosa e branco), doadas pelo Programa Reflorestar da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal.
Dom Joel Portella Amado ressaltou, em sua saudação aos participantes, que um dos ensinamentos do Papa Francisco na encíclica que inspirou o filme é o de que tudo está interligado. “O Papa Francisco nos alerta sobre situações que provocam gemidos da irmã terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo”, disse em referência ao documento papal.
Dom Joel disse que o Papa ensinou também na Laudato Si’ que não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. “Ou as causas se unem na grande causa, que é a busca e a construção de um mundo diferente, ou não haverá sucesso nesta empreitada, que não pertence a uma pessoa ou a um grupo. É uma causa de todos nós”, defendeu.
De acordo com o secretário-geral da CNBB, a defesa da ecologia integral, conforme apresentada no capítulo IV da Laudato Si’, incorpora-se à missão da Igreja de ser “sal, luz e fermento”. Segundo ele, a Igreja tem uma grande história, a partir da Rerum Novarum do Papa Leão XIII, com o compromisso social; Com a Laudato Si’ surge o compromisso ambiental fazendo com que surja uma consciência socioambiental no magistério eclesial.
O cacique do povo indígena Maró, no Estado do Pará, falou da importância de todos compartilharem do compromisso de cuidar da Casa Comum e da floresta. Defendeu que o filme seja apresentado e estudado nas escolas. Ele falou também do trabalho que seu povo criou o “Grupo de Vigilantes” frente à constatação de que os organismos que deveriam cuidar e proteger seus direitos (como a Funai, o Icmbio e o Ibama), não estão cumprindo seu papel.
A assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, irmã Maria Irene Lopes dos Santos, apresentou a Encíclica Laudato Si’ aos participantes e o sentido que ela fala do cuidado com a “Casa Comum”. Ela leu o primeiro parágrafo do documento no qual o Santo Padre chama a todos de irmãos.
Ao coordenador para Iberoamérica do Movimento Laudato Si’, Igor Bastos, coube falar sobre o filme “A Carta”. Ele recordou que o documentário já foi lançado no Vaticano no dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis. “A proposta deste filme é que ele seja uma ferramenta para chegar com a mensagem da Laudato Si’ em espaços que ela ainda não chegou e também para reanimar os espaços”, recordou.
Segundo ele, a encíclica Laudato Si’ foi lançada em 2015, ano Conferência do Clima (Cop21), quando foi assinado o acordo de Paris no qual nações de várias partes do mundo assumiram um compromisso comum para combater as mudanças climáticas. “A encíclica Laudato Si’, que inspirou o filme, é uma carta do Papa não só para os católicos e pessoas de fé mas para toda a comunidade global. Por isto que é uma carta do Papa Francisco para você”, disse.
O documentário “A Carta”, disponível gratuitamente através de um serviço de streaming no canal YouTube, foi produzido pela equipe “Off the Fence”, vencedora de um Oscar, em colaboração com o Movimento Laudato si’ e os Dicastérios para a Comunicação e para a Promoção do Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. O documentário também tem parceria do YouTube Originals.
Como assistir ao filme:
Os produtores do filme lançaram um site com informações sobre o documentário e também com sugestões do que pode ser feito para que sua mensagem chegue a mais pessoas.
Site: Theletterfilm.org.
Link para assistir o filme completo: “A Carta”
Fonte: CNBB