29/09 Notícias da Paróquia Laudato Si’ – Louvado sejas
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A Laudato Si’ é uma carta encíclica do Papa Francisco com a preocupação pastoral “em saída”, para toda a Casa Comum.

Como todo escrito papal o seu início dá o título à encíclica, retirado da oração de São Francisco “Louvado seja o meu Senhor” – “Laudato Si’ mio Signore” (LS 1), sobre a nossa responsabilidade pela Casa Comum: “crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano e ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doenças que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.” (LS 2).

Assim como o objetivo do Papa João XXIII na encíclica Pacis in Terris hoje é proposto o diálogo com e sobre a Casa Comum (LS 3). O Papa Francisco retoma no início da LS os pontificados posteriores ao Concílio Vaticano II sobre a preocupação ecológica e social, como também o Patriarca ortodoxo Bartolomeu e a importância da espiritualidade de São Francisco (LS 5-12). Dessa maneira, valorizando o diálogo e um novo estilo de vida, para o testemunho e colaboração da abertura dos jovens sobre o futuro do planeta (LS 13-16).

Capítulo I – O que está acontecendo com a nossa Casa Comum

Inicialmente considera os acontecimentos frente às mudanças rápidas da humanidade, como o perigo da deteriorização crescente no meio ambiente (LS 17-19). A poluição, as mudanças climáticas e a cultura do descarte acontecem diariamente, com a tecnologia ligada ao dinheiro não ajudará evitar os problemas consequentes a saúde humana e ambiental (LS 19-21).

A cultura do descarte afetará o futuro das próximas gerações, pois a questão está no aquecimento global versus o estilo de vida. Os problemas ambientais com o círculo vicioso do carbono, energético e do agronegócio geram as conseqüências e danos aos pobres. O risco dos ricos mascararem este problema aumenta a pobreza (LS 22-27).

Outro fator preocupante na Casa Comum é o uso inadequado da água, levando a escassez, doenças e conflitos econômicos (LS 28-31). E a degradação da fauna e da flora traz grandes danos ao ecossistema, ameaçando a biodeversidade com o perigo da monocultura econômica. Estes males explorados pelo mercado geram o descarte em favor do acúmulo de poucos, como por exemplo, na Amazônia (LS 32-43).

O crescimento urbano e a privatização dos espaços ambientais aumentam a violência e o consumo, incentivado pela mass media e geradoras de pessoas artificiais, melancólicas e isoladas (LS 43-47). Esta degradação novamente afeta aos pobres (LS 48-50).

As relações internacionais baseada no controle dos países ricos sobre os países pobres através de tecnologias que os tornam locais de exploração da matéria prima. Criando além da divida externa a dívida ecológica com os seus poluentes e gerando desempregos, em favor do paradigma tecnoeconômico. Isto traz a preocupante reação política internacional com a submissão econômica, geradora do comportamento suicida e esgotamento das fontes de recursos. Diante disso existem muitas iniciativas positivas ainda muito frágeis como o reflorestamento, os saneamentos, a energia limpa e a recuperação de rios poluídos. A necessidade de decisões corajosas exigirá novos estilos de vida, para pensar e promover o debate para respostas mais abrangentes (LS 51-61).

Capítulo II – O Evangelho da Criação

A ciência e a religião podem e necessitam dialogar, pois as soluções não provêm de um único saber. A necessidade de interpretar a realidade com as diversas culturas conduzirá ao compromisso ecológico na Casa Comum (LS 62-65).

O texto de Gn sobre a criação 1,31 e o ser humano 1,26 possibilita a fé madura de cultivar relações de cuidado com Deus, o próximo e a natureza, e não a dominação e apropriação dos recursos naturais e humanos. O caminho está na busca da reconciliação ((LS 66-68).

O Papa Francisco destaca biblicamente a criação como um dom da fé e comunhão universal pertencente ao amor. Assim desmistificando a natureza e o ser humano propõe o exercício das capacidades de proteger e desenvolver potencialidades. Proteger o ser humano da sua autodestruição e propor à ele a cooperação com Deus na ação criadora. O ser humano e os recursos naturais não podem ser vistos como lucro ou interesse mercadológicos, ocasionadores de graves conseqüências (LS 69-83).

A beleza da criação e a comunhão universal não excluem ninguém, dessa maneira, somos desafiados a sair dos reducionismos religiosos e mercantis-políticos para lidar com as causas que ferem hoje a criação: tráfico de pessoas, direito dos pobres e da terra, meio ambiente coletivo. Nunca esquecendo a fé bíblica de “não matarás”, pois Deus se encarnou e se envolveu com a sua criação (LS 84-100).

Capítulo III – A raiz humana da crise ecológica

A compreensão dos progressos tecnológicos e da tecnociência necessitam de atenção referentes ao ser humano moderno e a sua dificuldade com os poderes, que estas oferecem. A raiz da crise ecológica presente nas relações humanas e na sua participação dos bens naturais e comuns. A degradação ambiental calcada no estilo de vida, que manipula a cultura, a economia e a política, consequentemente geradora de fugacidades (LS 101-115).

A técnica como domínio da natureza impede a relação do novo ser humano, criando um antropocentrismo desordenado. O relativismo prático alimenta a degradação do ambiente e a patologia do escravagismo, exploração sexual, tráfico de pessoas e abandono de idosos. Essa lógica justificando a cultura do descarte (LS 116-123).

Incluir o trabalho na ecologia integral possibilita a nova concepção do ser humano e das suas relações. Ele se torna protagonista de suas capacidades como colaborador da criação, desde as relações de produção micro ou macro, até as questões como os transgênicos. A tecnologia e a ciência colaborando com a vida humana, dos animais e da natureza, visando a ação criadora (LS 124-136).

Qual a sua opinião sobre o assunto…? Deixe nos comentários.

Res: Pe. André Luiz Bordignon-Meira – Diocese de Campinas/SP

Imagens: Vatican News – cebi.org – familiam.org