A própria mensagem do Papa para o VI Dia Mundial dos Pobres foi divulgada em junho, quando voltou a condenar a guerra na Ucrânia e a sua “insensatez” com uma “‘superpotência’ que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos’, gerando novas formas de pobreza e afetando “as pessoas indefesas e frágeis”. Francisco ainda fez um apelo para que, “diante dos pobres, não serve retórica, mas arregaçar as mangas”, com uma advertência contra o dinheiro que não pode se tornar “um absoluto”, porque “ofusca o olhar”.
As iniciativas no Brasil
Já na última edição da data, no ano passado, o Papa Francisco exortou para que o Dia Mundial dos Pobres “possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão”:
“Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento.”
Em resposta ao Papa, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com as Pastorais Sociais e Organismos, estão disponibilizando material para ajudar na preparação do VI Dia Mundial dos Pobres no Brasil. A Igreja no país vai aprofundar as iniciativas através do tema, “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, em consonância com a Campanha da Fraternidade de 2023 que traz o tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
O material pretende auxiliar na reflexão e ação em atenção à realidade das pessoas em situação de pobreza no Brasil. Apesar da América Latina e o Caribe estarem entre os maiores exportadores de alimentos do planeta, em junho deste ano a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) revelou que 33,1 milhões de pessoas só no Brasil não têm o que comer. Isso significa que, seguindo os dados coletados, 15,5% da população brasileira sente fome e não come por falta de dinheiro para comprar alimentos.
Além do mais, 6 em cada 10 famílias estão em situação de insegurança alimentar, isso significa que estão na condição de não ter acesso pleno e permanente para se alimentar. Esses dados foram colhidos em 12.745 domicílios brasileiros entre dezembro de 2021 e abril de 2022. Diante isso, encoraja a CNBB, “somos interpelados a voltar o olhar e à escuta atenta para a provocação de Jesus Cristo ‘Dai-lhes vós mesmos de comer!'”.
A história da Jornada Mundial dos Pobres
No dia 20 de novembro de 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de lançamento ele disse: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.
No Brasil, nos primeiros anos, a CNBB confiou à Cáritas Brasileira a animação e a mobilização do Dia Mundial dos Pobres. A entidade, nesse período, já realizava a Semana da Solidariedade – para pensar e agir por um país justo, fraterno, igualitário, solidário e amoroso, por ocasião de seu aniversário de fundação, 12 de novembro de 1956. A partir da III Jornada Mundial dos Pobres, as Pastorais e Organismos Sociais ligados à Cepast-CNBB assumiram coletivamente a animação e mobilização da data.
Fonte: Vatican News com a colabroação da CNBB