25/05 Retiro Espiritual: Um Tempo de graça
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O Retiro Espiritual é um momento para olhar os principais pontos da vida, o que está bem, o que pode e deve melhorar. É um momento de especial intimidade com Deus, que depois nos facilitará encontrá-Lo no dia-a-dia: no trabalho, no descanso, nos momentos com a família, com os amigos e outros. Em síntese, o retiro é um percorrer, na presença de Deus, os diversos âmbitos da nossa vida: família, trabalho, amizades, relacionamento como Pai de Bondade. É uma busca de sentido para nossa vida na sociedade e na comunidade de fé. Um momento para escutar o coração e buscar encontrar o caminho da plenitude.

Salienta-se que aquele que propor fazer um retiro espiritual deve criar no seu interior um clima de SERENIDADE, de PAZ, de SILÊNCIO, que permitirá sair do corre-corre diário para entrar nas questões mais profundas da existência, da felicidade, do que motiva a viver cada dia, o projeto de vida, os sonhos, e amizade com Deus.

MARIA, AQUELA QUE CAMINHA CONOSCO.

Maria nos ensina que seguir a Jesus se faz no dia-a-dia, não se trata de um seguimento estático ou feito à distância, é preciso estar próximo e não se deixar agitar por muitas coisas. Afinal, “uma só coisa é necessária” (Lc 10,42). Neste discipulado vamos aprendendo que nossa vida é ser serviço, um serviço gratuito feito ao outro por reconhecer que cada pessoa revela a intimidade do amor de Deus. Contemplar Maria é como comtemplar cada cristão, pois como dizia Santo Ambrósio “em cada cristão é gerado Cristo em sua alma, em seu coração”. Ela sempre esteve pronta a servir, é esta a atitude de quem verdadeiramente acolhe a Palavra de Deus. Ao ser visitada pelo anjo Gabriel (Lc1, 26-38) Maria assume sua missão com liberdade interior, por isso, seu “sim” não é estéril mas, ao contrário, foi fértil e generoso, sua vida gera cuidadosamente aquele que tudo gerou.

A cruz passa a fazer parte do discipulado de Maria, sua vida de acolhida, obediência e serviço foram moldando sua personalidade onde aos poucos percebia que o projeto de Jesus abraçava toda a humanidade. Maria foi, ao longo de sua vida, “entregando” seu filho, como quando perdeu o menino no Templo (Lc 2,41-50) ou o deixou ganhar outras famílias (Lc8,19). É ao pé da cruz, que aquela humilde jovem agora mulher, que tivera aceitado anos antes ser a mãe do filho de Deus, mais uma vez deu o seu “Sim” diante da missão que lhe era confiada.

Vendo seu Filho na cruz ela via confirmar o grande amor que ela mesma tantas vezes sentiu. Na cruz Jesus olha para sua mãe e lhe confia uma nova missão, que aquele amor seja agora por toda a humanidade e, na figura do discípulo amado, nosso Senhor nos disse: “eis aí tua mãe” (Jo19,27). Jesus conhecendo nossa dor nos confia aos cuidados da sua própria mãe, e sabendo do imenso amor de sua mãe confia a ela cada um de nós como sendo seus amados filhos.

A acolhida de Maria à Palavra de Deus é refletida no seu modo de viver: confiança, esperança, serviço e a gratuidade vão se tornando parte do se ser, nossas comunidades tornam-se cada vez mais vivas contemplando essa discípula como sendo o modelo de acolhida. Cada cristão pela caridade exerce essa função para com o seu próximo. Que a Virgem Maria seja para cada um de nós um modelo em nossa atividade evangelizadora, que testemunhemos a Cristo através da ternura e do ouvir sem julgamento, que nossas práticas revelem, pela delicadeza das pequenas coisas, o Cristo que também é gerado em cada um de nós!

 Quero trazer presente o fato da Igreja Católica no Brasil está vivenciando o Jubileu de “300 anos de bênçãos”, da Imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida, encontrada no rio Paraíba do Sul no ano de 1717. Em alusão o evento, vêm sendo realizadas várias atividades em todas as paróquias do país como somos conhecedores. Conforme o Papa Francisco, neste acontecimento de fé da Aparição de Nossa Aparecida: “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Pode-se constatar que nos primórdios do evento que é Aparecida, está à busca de três pescadores pobres, com fome e poucos recursos.

As pessoas sempre precisam de pão para o seu sustento. O ser humano na maioria das vezes parte das suas carências; mesmo hoje, em vários momentos, somos guiados pelo instinto da sobrevivência. Chama-se atenção que os pescadores possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas e insuficientes. Em um primeiro momento, faz muito esforço, passa por decepções e desesperanças. Apesar dos esforços, as redes estão vazias. Quando chegou a hora de Deus, Ele mesmo no seu Mistério aparece. Deus chegou de surpresa, quem sabe quando eles menos esperavam. Com este acontecimento, podemos aprender que a paciência dos que esperam por Deus é sempre posta à prova, a hora de Deus não é a nossa.

Aprende-se que Deus chegou de uma maneira nova e surpreendente na vida daqueles homens e trazendo bênçãos para toda humanidade, desta forma, conclui-se que Deus é surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio, envelhecida também pelo tempo. Mais uma vez Deus entra nas vestes da pequenez e torna-se visível e concreto na história do povo brasileiro e de outros dos mais diversos cantos do mundo que conta sempre com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

Que a Virgem Aparecida, Mãe que caminha conosco, seja para os articuladores das CEBS, modelo na sua ação evangelizadora, mesmo sendo cientes de que se tem barcos e redes frágeis, em muitas vezes são como pescadores cansados e aflitos, possa testemunhar Cristo através da ternura e do ouvir sem julgamento, que as práticas revelem, pela delicadeza das pequenas coisas, o Cristo que também é gerado em cada um que abre o coração para a Graça de Deus.

Geraldo Siqueira de Almeida

 

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